quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Custa engolir….

Dizia-me esta manhã um colega de trabalho que custa-lhe engolir a festa que se faz aqui ao lado. A mim também. Acredito que a todos os vitorianos. A verdade é que mesmo sem o Vitória ter jogado, hoje sinto-me derrotado. Não apenas pelo triunfo dos rivais de Braga, mas sobretudo pelo que por cá continuamos a (não) ter.

Não caiam no erro de menosprezar o grande feito conseguido pelos nossos vizinhos. Não foi uma questão de sorte. Não foi com a ajuda do árbitro, nem foi obra do acaso. Foram de facto melhores que o Sevilha e mereceram passar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Mas estes dois triunfos – e a eliminação anterior do Celtic – são muito mais do que apenas isso. São o fruto de um trabalho de vários anos. São o resultado de um investimento, agora compensado. São o resultado de um projecto de sucesso, por muito que nos custe a engolir. Mas o que mais me preocupa nem são os sucessos do Braga, mas antes a triste constatação de nesta corrida, irmos em sentido contrário…

Projecto. O tal que por cá nem numa gaveta está trancado. Porque não existe. Por cá, tudo é feito ao sabor do vento. A feira das vaidades que é o Vitória – salvo poucas e honrosas excepções – tem infelizmente reflexo nos resultados. E não se restringe apenas ao futebol.
Enquanto por cá vamos – por culpa própria – deixando que nos continuem a gerir como se de uma mercearia se tratasse, do outro lado vamos assistindo, com inveja, a um crescimento sustentado, não só ao nível dos resultados, que são esclarecedores, como agora também no único ponto que nos julgávamos imbatíveis. A verdade, nua e cruel, é que até nas bancadas estamos em vias de ser ultrapassados. Veja-se o número de lugares anuais vendidos e o número de espectadores presentes no jogo de segunda-feira. E por favor, chega de desculpas! Não se trata nem tratou do mau tempo, nem das férias, ou até mesmo da crise. Estamos, isso sim, é a perder identidade. Estamos a perder o que sempre tivemos de melhor, mas que quem nos governa nunca soube aproveitar.

Mas a culpa também é nossa. Porque os levamos ao colo quando, por mero acaso, chegamos a um terceiro lugar e a uma pré-eliminatória da Champions. A culpa também é nossa, porque batemos palmas a quem não acreditou no nosso potencial e nos deixou cair aos pés de um Basileia fraco e depois apenas se escudou numa bandeira levantada. A culpa também é nossa, porque, imagine-se, com uma jornada disputada já se insultam jogadores num treino. A culpa é nossa, porque com duas ou três vitórias consecutivas se esquece tudo e se continua a deixar andar… Até quando?

3 comentários:

  1. Se custa... Simples e objectivo. Subscrevo.
    Por cá temos uma nova desculpa por dia que nos impede de crescer... Enquanto isso continuamos a ser únicos. Apenas e só, na mente de alguns.

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  2. Está na hora da Direcção meter as mãos na consciência.
    Será que são mesmo capazes de levar esta nau a bom porto?
    Sejam honestos!
    Se querem mesmo servir o nosso clube, sejam honestos, respondam em consciência, e depois ajam em conformidade.
    Façam aquilo que os sócios não tiveram coragem para fazer a 20 de Março...

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  3. Subscrevo por inteiro. Andamos tempo a mais a pregar a nossa singularidade e a nossa unicidade, enquanto que os outros, aproveitaram esse tempo para trabalhar. Para criar as bases de um trabalho que hoje está à vista. Sem a dimensão humana do Vitória? É uma verdade, mas chegando a um patamar que nós nos limitamos a ameaçar chegar mas fomos profundamente incompetentes no último passo.
    Salvador fez, desde 2003 até hoje, qualquer coisa como 56 milhões de euros. Elucidativo. E humilhante para todas as gestões do Vitória durante este período.
    Agora, estamos perante um rival a quem lhe saiu a taluda e que se arrisca a cavar um fosso grande demais para o conseguirmos estreitar, pelo menos se continuarmos a ser tão incompetentes como até agora. E, pela amostra, não há muito esperança que algo mude.

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