sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uma Aventura nas Árabias III

Luiz Filipe

Será que sabem o que querem?

É evidente que estamos numa cultura completamente diferente, mas o futebol é universal, e como tal, deveria estar descontextualizado do resto, mas não. Contrataram um treinador Português, obviamente Europeu, para trazer uma organização e um modelo de jogo que não existe no seu país, criar um jogador tipo para o clube, estruturar um clube que é grande, mas está com problemas de base, num país em que só há competição a partir dos sub 17. O problema está nos sub 15, 14, 13 e por aí abaixo, que devem ser bem preparados e ensinados para quando chegarem aos sub 17 estarem prontos para o desafio que aí vem.

O AL Nasser é um clube grande da Arábia Saudita com uma massa associativa grande, o problema é que não ganha nada há muito tempo. Porquê? Faz-me lembrar o Benfica de um passado recente, ansioso por resultados imediatos devido a sua grandeza, mas sem paciência para o conseguir. Afinal, como lhes fazer ver que é preciso primeiro reestruturar, organizar e preparar o futuro para depois ganhar? É difícil, pois a obsessão e a pressão exterior são fortes, mas um Director deve pensar como um Director, não como um adepto, que naturalmente pensa com o coração.

No Vitória de Guimarães, no início também não foi fácil, reorganizar e implantar uma nova política de formação baseada na continuidade das equipas, resistindo as pressões e as tentativas de inundar o Vitória de estrangeiros para obter resultados fáceis, mas certos ou errados sabíamos o que queríamos e os resultados estão a vista, equipas nas fases finais, um número elevado de internacionais e vários contratos profissionais.

Será que é isso que o Nasser quer? Acredito que sim, mas terá paciência para esperar por resultados? Dará tempo a estruturação de base? Sei obviamente a resposta, seria fácil dizer mas isso tiraria o interesse sobre o assunto. Deixo essa reflexão no ar.

Abraço
Luiz Felipe

1 comentário:

  1. O tal tempo que apenas os triunfos conseguem trazer... A universalidade do Futebol é indiscutível.

    Seja na Arábia ou em Portugal, os trabalhos de base são conseguidos... com golos. Não me parece que se consiga de outra forma.

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